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Fatima Ronquillo |
Ele acordou pronto para brincar no
seu castelo de areia construído na praia, em frente a sua casa. De olhos abertos
percebeu o corpo cansado e pesado. Sem conseguir se mover, viu ao redor da cama muitas pessoas,
mas não reconheceu nenhuma delas. Não encontrou a sua mãe e nem mesmo o seu
pai. Suas últimas lembranças eram de um dia de sol, com a brisa do mar no seu rosto, das
ondas do mar, ondas de todos os tamanhos, e dos gritos da sua mãe! De olhos bem
abertos não entendeu o porquê daquela festa com balões, bolo e velas – dezenas
de velas! Todos à sua volta comemoravam: crianças, jovens, casais, senhoras, enfermeiras, médicos e fotógrafos, muitos fotógrafos! O que ele teria feito de tão milagroso?
Certamente a felicidade era apenas parte daqueles desconhecidos! Olhando para suas mãos, marcadas pelo tempo, não as reconheceu. Foi então que ouviu, bem ao longe, como se estivesse em um sonho, algumas pessoas sussurrando que aquele era um milagre. Ele então pensou: "Que milagre haveria
em acordar aos cem anos de idade?" Sentiu como se tivessem lhe roubado todas as
lembranças! Naquele momento ele era o
próprio castelo de areia da sua infância, que agora se desmancharia com a delicadeza de uma única lágrima – e dessa vez não haveria ninguém para tentar salvá-lo do milagre da sua triste sina.
Para ler ao som de The Day All My Dreams Come True de Patrick Doyle
Comentários
Tipo,a vida acabou...
Emilie Escreve~