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Obra de Ana Maria Pacheco |
Quando
abriu os olhos o quarto estava do mesmo modo em que havia deixado
antes de dormir. Ao entrar no banheiro viu na janela uma estranha de
cabelos negros que a olhou no fundo dos olhos. De olhos fechados
desejou que tudo aquilo fosse um sonho. Tentou descobrir como alguém
poderia ter entrado. Ainda de olhos bem fechados lembrou que no
banheiro não havia janela. Ela, surpresa, ergueu-se diante da
misteriosa janela e abriu os olhos. Confusa, analisou cada milímetro
daquele rosto cansado e descobriu que a estranha era ela refletida no
espelho.
-
O que você fez durante todos esses anos presa aí dentro?
Por
um momento o silêncio se fez resposta refletido no espelho.
Inquieta, escovou os dentes observando estranhas baratas invadirem o
seu quarto. Correu até a janela e a encontrou entreaberta.
-
Então é por aqui que estão entrando? O que essas baratas querem de
mim? – Esbravejou.
As
baratas eram a prova que faltava.
-
Roubaram-me enquanto eu dormia! – Pelo tamanho da fresta concluiu
que alguém mais havia entrado no quarto.
Ela,
inconformada, analisou todos os seus pertences. Tudo pareceu estar no
seu devido lugar. Abriu o guarda-roupa e lá estava intacto o seu
segredo: uma linda caixa de vidro decorada com fitas verdes. Abriu a
caixa cuidadosamente observando as velhas fotos e uma única carta de
amor. Ficou ali sentada durante horas, entretida com aqueles
estranhos pertences. Com os olhos cheios d’água sentiu-se
enganada. Que amor era aquele descrito naquela carta? Quem eram
aquelas pessoas naquelas fotos? Quem poderia ter feito aquilo com
ela? Seria um plano para implantar aquelas lembranças em sua
memória?
A
noite se aproximava, e ela, cansada, desistiu de entender o que tinha
acontecido. Fechou a caixa, a janela e desistiu de procurar o que
mais poderia estar faltando. Na verdade, não percebeu, assim que
dormiu, que haviam lhe roubado todas as lembranças.
Comentários
Será que algumas lembranças poderiam ser roubadas? Tipo, alguma coisa bem ruim? Seria tão bom se eu tivesse algumas coisas roubadas nesse sentido...
Bjo meu.
Vã
desde Já agradeço, Forte abraço
PS; Sigo de volta
Temos uma alma semelhante. Saudades da minha época de Célia Helena, vi que temos o teatro como paixão em comum também...
Nem sei agradecer o seu carinho, mas saiba que tens aqui uma menina que muito admira seu trabalho e que sempre vai estar aqui.
Gde beijo,
Vã.
Sou um afixionado por arte, principalmente TEATRO, tenho minha própria CIA, a qual sou diretor, ministro oficinas também aqui na região onde moro...
Fico feliz em conhecer vc com gostos tão parcidos com os meus...
Convidaria vc a conhcer meu blog (poesia, musica, teatro)
Ficaria feliz! http://mailsonfurtado.com
Gostei muito do que li.
;)