OS SEGREDOS DE MONTMAR

Nosferatu: Phantom der Nacht
Ela nasceu. Ele foi projetado. Ela nunca namorou. Ele... não importa! Quando começou a namorar foi como se sua vida se transformasse na primavera. Ele era educado e viril. Ela sonhadora e delgada. Ele engenheiro. Ela designer. Namoravam e projetavam a casa dos sonhos, com jardim e lareira. Casaram. Tão rápido quanto se lê “fim”. Tiveram dois filhos. Mais rápido ainda. O pequeno detalhe nessa transa é que ele era desquitado e trouxe de brinde os dois lindos filhos. Todos se mudaram para um belo chalé na vila Montmar ao pé da montanha. O céu era azul e o vale verde e florido. Era tão florido, mas tão florido, que não se via um palmo de terra. Não, para onde foram não havia mar. Ele se chamava Frank e ela Lili. Lúcio e Dorinha eram as crianças. Tudo era tão perfeito que parecia um sonho. Então, em um belo dia ela despertou de súbito com os urubus rodeando a casa.
- Acorda seu cavalo, atrasado outra vez?
- Cala boca sua porca, me deixa dormir! – Resmungou ele.
E ao meio dia em ponto as crianças chegaram da escola.
- Lúcifer, tira a mão do fogo! – Alertou ela o menino que antes era o pequeno Lúcio. Apenas Dorinha continuava com a mesma carinha de anjo.
- Queridinha, pirulito na hora do almoço?
- Cala essa boca sua vaca! – Respondeu a linda Dorinha para a madrasta.
Lili agora era Elisionor e Frank o terrível Frankensteison. Os dias eram de chuva e trovões. O local agora era de risco, pois havia perigo de deslizamento. Montmar na verdade era à beira de um sinuoso rio. As flores secaram, revelando o chão que não era chão, mas um enorme cemitério abandonado e escuro. O chalé parecera encolher com tanta umidade. Mesmo casado ele ainda era desquitado. Mesmo casada ela ainda parecia nunca ter namorado. Na verdade o pequeno detalhe é que eles não transavam. Filhos mesmo não tiveram. O registro de casamento virou guardanapo e as fotos de namoro lenha na lareira. Ele era bruto e sujo. Ela depressiva e recheada. Ele mecânico. Ela cabeleireira. Quando pensaram em separação a vida já era um inferno. Ela nunca deveria ter conhecido alguém. Ele? Realmente não interessa! 
- Me diz meu deus! Pra que é que nasce a pessoa?

http://segredosdemontmar.blogspot.com/

Comentários

meu deus!!!
ao mesmo tempo que é belo é feio e depressivo!
ehehehehe
humor negro tbem é realidade ou será fatalidade! mto forte isso mexeu comigo será que eu sou Lili ou Elisionor? não sei só sei que vc escreve mto bem!!! e seja lá quem eu sou estaras comigo num jardim ou no ceminterio eheheheheheh
afinal de contas amigo é pra essas coisas!!
:D
Vampira Dea disse…
KKKKKKKKKKK adorei!
Bruno disse…
Que trágico ... mas engraçado, já nãoera sem tempo postar uma nova história,sabes que sou seu fã numero 1 ... BEIJOS ... quem sera que sou eu nessa história da vida com inicio belo e encantador e fim tragico e realista kakakakakakk .... Beijos
✿ Regiane ✿ disse…
Nossa, que história hein?!
É sempre assim , no começo tudo são flores e depois...
Abraço
Nanda disse…
Genteeeee foi assim comigo!kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
nasce para atentar que quando as flores secam quando dorinha reponde mal quando o urubu ronda a casa é para pegar a bolsa a chave do carro ou o dinheiro do onibus e se mandar....



gostei! grande Emerson
Paty Michele disse…
Assim é o casamento. Belo texto, Emerson, parabéns (ah, prazer em conhecê-lo).
A Viajante disse…
Ah, para quem não tem filhos, além de um blog e uma orquídea, a ideia de tê-los me assusta, sobretudo ao pensar nessa tragédia de convivência, aqui exposta.
Mas um beijo de boa noite e um cheirinho de bebê...ah...acho que isso nâo tem preço...quero perseguir esse sonho, sim!
Priscila Lopes disse…
Caramba, Emerson, mandou muito bem! A gente começa a leitura pensando que sabe aonde vai e fica tonto em meio a tantos elementos e "caricaturas".

Um abraço!
Esquadros disse…
No (como diria um mineirinho) tem horas que agente se cansa de ser inteligente enfrentando a rotina do dia dia...e deixamos ir embora a magia. Otimo Texto!
Roberto Ney disse…
Bela percepção e texto muito bem escrito...
Pode esperar que eu volto pra conferir os demais...
abraço!
Anônimo disse…
Trágico e morbido, a vida é bem mais encantadora pode ter certeza, você já foi mais otimista em relação ao "mundo" em que vivemos. Exitem tantas coisas lindas a serem descobertas, tantas coisas a serem vividas.
Giselly Lima disse…
Os contos de fadas são matéria pra todo tipo de coisa... Me lembrei de um livro chamado "Contos de fadas Politicamente Corretos"... tem muito humor também. Parabéns e obrigada pela visita.
Edilson Vieira disse…
Sua história me fez lembrar Renat Russo e o seu Faroeste Caboclo. Parabéns pela postagem. Genial.